sábado, 29 de junho de 2013



Nos pequenos lugarejos têm sempre alguém que te convida pra entrar e tomar um café, mesmo que a casa tenha apenas duas cadeiras e uma rede.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

A menina do sorriso que move o mundo



Vou te contar um caso
Que parece absurdo
Vai duvidar do que digo
Mas é verdade, eu juro
Pois conheci uma menina
Com o sorriso que move o mundo.
 
Nunca vi nada mais belo
Que o sorriso da menina
Verdadeira obra de arte
Trabalho da mão divina
Não há nada mais sublime
Nem a tal da Monalisa.
 
A primeira vez que a vi
Eu fiquei paralisado
Não parava de olhar
Parecia enfeitiçado
Nem o canto da Mãe D’Água
Me deixou naquele estado.
 
Se você olhar pra ela
Vai notar que é diferente
É mais bela do que todas
Quem diz isso não mente
Até um cego notaria
Sua beleza o coração sente.
 
Mas vou deixar de enrolação
E contar logo esse caso
Espero que você goste
Deste meu breve relato
É uma história bem singela
Lembrança do passado.
 
A menina era Mila
Veio de lugar distante
Vivia sempre alegre
Rindo a todo instante
Todos gostavam dela
Do Doutor até o feirante.
 
Ela estava frequentando
A escola que eu estudava
A escola era enorme
Quase nunca a encontrava
Só a via na cantina
Lugar que ela gostava.

Toda vez que eu a via
Eu ficava envergonhado
Minhas pernas tremiam
Ficava tenso, calado.
Ela também era tímida
Me olhava só de lado.
 
Mas o tempo foi passando
Dia e noite, noite e dia
E a vergonha foi embora
Todo dia Mila eu via
Ela adorava conversar
Ria de tudo que eu dizia.
 
Uma coisa eu percebi
Nem de tudo ela falava
Não dizia de onde vinha
Nem onde morava
Sempre que lhe perguntavam
Ela ria e se mandava.
 
Isso não me incomodava
Até achava engraçado
Adorava vê-la rindo
Sem falar o perguntado
Deixava o povo confuso
Com cara de abestalhado.
 
Eu tinha uma bicicleta
E nela aprendeu a andar
Todo dia a gente ia
Com a bicicleta passear
Um sentado na garupa
E o outro a pedalar.
 
Mesmo quando chovia
Em casa não ficava
Me chamava pra sair
Pra brincar e dar risada
Minha mãe ficava doida
Com a gente ela brigava.
 
Quando a chuva parava
Mila não queria voltar
Ela queria ver o sol
E sentava pra esperar
E quando sol saia
Ela parecia brilhar.
 
Ao sentir a luz do sol
Seu sorriso iluminava
Abria os braços pro céu
E parada ali ficava
Só depois de alguns segundos
Comigo ela falava.
 
Em dia de lua cheia
O mesmo acontecia
Subia a colina grande
Lugar mais alto não tinha
E ficava olhando a lua
Que lá no alto surgia.
 
Depois que a lua saia
Mila ficava encantada
Parecia querer tocar
Naquela bola prateada
Às vezes ela chorava
Mas logo dava risada.
 
Eu achava aquilo estranho
Mas pergunta não fazia
Já era suficiente
Vê-la rir ao fim do dia
Seu sorriso me alegrava
E pra casa a gente ia.
 
Só uma coisa me encucava
E disso já vou falar
Toda vez que ela ria
Me sentia balançar
Parecia um terremoto
Mas isso aqui não há.
 
Aquele leve balançar
Só eu que percebia
E comecei a procurar
De onde aquilo vinha
E logo percebi
Que era quando ela ria.
 
Aquilo me deu medo
Não sabia o que fazer
Devia falar com ela?
Ou apenas esquecer?
Resolvi nada falar
Deixei o tempo correr.
 
Certa vez a gente foi
Para o alto da colina
E novamente eu senti
Que o chão estremecia
Ela então me contou
Por que isso acontecia.
 
O que ela me falou
Me deixou abismado
Era grande segredo
Nunca antes revelado
É difícil acreditar
Mas pode ser provado.
 
Há muito tempo atrás
Mila era uma estrela
Morava lá no céu
Brilhava a noite inteira
Parecia um grão de areia
No meio da poeira.

Mas numa noite sem lua
O inesperado aconteceu
Um imenso meteoro
O céu todo varreu
Passou perto da estrela
Que logo estremeceu.
 
Perdendo o equilíbrio
A estrela balançou
E do céu ela caiu
O espaço atravessou
E numa estrela cadente
Mila se transformou.
 
Depois de cruzar o céu
Na Terra ela parou
E durante a sua queda
Em menina ela virou
Era uma bela menina
Ao sol impressionou.
 
Mas ela estava triste
Não queria ali ficar
Sentia falta do sol
Com a lua queria estar
Mas isso era impossível
Precisava se acostumar.
 
Um dia o sol percebeu
Que outro problema havia
O meteoro provocou
Grande perda de energia
A terra parou de girar
A noite não virava dia.
 
Pra fazer a terra girar
De ajuda o sol precisava
Pois ainda não sabia
Que horas a Terra rodava
Então pensou em Mila
Que lá na Terra estava.

O sol falou com Mila
Que decidiu ajudar
Ela mostraria pra ele
A hora da Terra girar
Mas como isso seria?
Espera que já vou contar.
 
Seu sorriso era tão lindo
Que de longe o sol avistava
E bem na hora certa
Sorrindo ela avisava
E com grande sopro do sol
Aos poucos a Terra rodava.
 
Foi então que entendi
Porque sentia balançar
Era o lindo sorriso de Mila
Que fazia a Terra girar
E de novo eu repito
Sorriso mais belo não há.
 
Não é fácil creditar
Mas é verdade, garanto
Ela conhece todo o mundo
Cada palmo, cada canto
Ela faz a terra girar
Com seu sorriso e encanto.
 
Acredite seu moço
No que eu te digo
Pois se hoje a terra gira
Você sabe o motivo
É Mila que está sorrindo
E encantando um amigo.


     FIM
Texto: Layno Sampaio Pedra
Foto: Marcela Ramirez

sexta-feira, 30 de março de 2012

Os Sacristãos e o Velório do Coronel


No sertão de Xique-Xique
Na beira do Velho Chico
Viviam dois sacristãos
Um moço outro menino
Que em dia de velório
Na igreja tocavam sino.

Mas quem quisesse ouvir
Som de sino bem tocado
A cada um dos sacristãos
Tinha que fazer agrado
E a família do defunto
Aos meninos davam trocados.

Vivia ali um coronel
Homem rico e respeitado
Mas que andava doente
Pelo Doutor desenganado
E na manhã de domingo
O coronel virou finado.

Os sacristãos foram chamados
Para o sino badalar
Pois o defunto é coronel
Homem rico pra danar
E aquele grande velório
Todos iam admirar.

Na residência da viúva
Os sacristãos foram bater
E pediram à família
Dez reais pro serviço fazer
Mas ia ser trabalho bom
Pra ninguém esquecer.

Os sacristãos tocaram o sino
Por três horas sem parar
Cada um tocava um pouco
Para os braços não cansar
E o badalo foi soando
Até a missa começar.

A missa foi celebrada
Pelo Padre Frei Chicão
Era Frei muito valente
De coronel gostava não
Mas a missa celebrou
Aquele tava no caixão.

A missa foi muito bela
Gente de todo lugar
Tinha até carpideira
Chorando sem parar
Mas os sacristãos queriam
Era a missa terminar.

Quando a missa terminou
Foram logo se aprontando
Cada um de um lado
As portas foram fechando
Mas um grupo de beatas
Inda tava lá chorando.

Os sacristãos tavam perdidos
Sem saber o que fazer
Naquela noite tinha filme
E não queriam perder
Tinham chamado as meninas
Para o cinema conhecer.

Então tiveram uma idéia
A igreja iam fechar
As beatas ficariam
Para ao defunto rezar
Depois do filme voltavam
Para as velhas libertar.

E assim mesmo fizeram
Fecharam toda a igreja
E seguiram pro cinema
Correndo numa peleja
E assim que lá chagaram
Encontraram suas princesas.

Uma era Geny
Cabelo longo e cacheado
A outra, Fabiana
Olhos grandes azulados
E por essas duas meninas
Eles estavam enamorados.

E no cinema entraram
Para o filme assistir
Era filme de terror
E só adulto tinha ali
Mas nem se preocuparam
Só queriam se divertir.

Mas o filme era pesado
Ficaram todos tremendo
Quando a sessão terminou
Pra casa foram correndo
E das beatas da igreja
Acabaram esquecendo.

Na manhã do dia seguinte
Quando do sono acordaram
Lá na praça da matriz
Os dois se encontraram
Só naquele momento
Do esquecido se lembraram.

Correram até a igreja
Para aquilo resolver
E abriram logo a porta
Para a bronca receber
E quase foram pisados
Pelas velhas a correr.

- O coronel sumiu!
Gritava a velha assustada
- Foi engolido pela cobra!
Uma outra emendava.
Mas o que aconteceu?
Estavam as velhas piradas?

Só no cair da noite
Quando tudo espaireceu
É que as velhas contaram
Como tudo aconteceu
E todos tiveram medo
Daquilo que sucedeu.

Foi então que se lembrou
Duma história do passado
Fato real e verdadeiro
Pelo coronel negado
Pois por sua causa
Sua filha tinha pecado.

O coronel sempre foi bruto
Era chamado matador
Todos dele tinham medo
Do menino até o Doutor
Inclusive sua filha
Que dele tinha pavor.

A filha do coronel
Só vivia dentro de casa
Só saia com a mãe
Para a missa e para a aula
Coitada dessa menina
Parecia alma penada.

Quando a moça ficou jovem
Um tropeiro conheceu
Daquele homem ela gostou
E com ele se envolveu
Mas a moça engravidou
E quase enlouqueceu.

Para o bucho esconder
Um pano ela amarrou
E durante nove meses
O pai ela enganou
E um dia atrás da igreja
O seu filho ela pegou.

Sem saber o que fazer
A moça ficou pensando
Não podia ir pra casa
Com um bebê chorando
E no seu desespero
No rio acabou jogando.

Quando o bebê caiu na água
Numa cobra ele virou
Era uma cobra gigante
Que à mãe impressionou
E nadando pelo rio
O grande bicho se mandou.

Mas foi dentro da igreja
Lá embaixo do altar
Que aquele enorme bicho
Foi de fato se abrigar
E depois de cada missa
Em sua mãe ia mamar.

Então todos entenderam
O que de fato aconteceu
Com o corpo do coronel
Que da igreja escafedeu
Foi engolido pela cobra
Animal neto seu.


FIM

Link
Texto: Layno Sampaio Pedra
Imagem:
Sebáh Kanino - o Morlock

Este é o primeiro cordel de Layno e foi produzido a partir de uma história criada e contada por ele e Alcides Valente numa das oficinas de contadores de histórias do Teatro Griô. A história teve como inspiração a lenda da serpente gigante da Igreja do Miradouro em Xique-Xique.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Histórias de Mãe Beata



Ancestralidade e sabedoria popular são os fios condutores da montagem “Histórias de Mãe Beata”, encenada pelo grupo Akpalôs com direção de Rafael Morais, que estreia dia 02 de outubro no Teatro Xisto Bahia e fica em cartaz aos domingos, sempre às 11 horas, até o dia 20 de novembro.

As pequenas fábulas recheadas de magia levam para o palco contos da Yalorixá Mãe Beata de Yemonjá, natural de Cachoeira, registrados no seu livro “Caroço de Dendê”.

Nas tramas, sempre costuradas por músicas e danças, os contadores traduzem de maneira divertida e singela a vida e o encanto do Recôncavo Baiano, os mitos dos orixás e histórias de animais astutos e sagrados.

Para a encenação, o grupo buscou fazer uma imersão nos mitos e lendas narrados por Mãe Beata, encenando as histórias que mais lhes tocaram, inspirados pela tradição dos contadores de histórias e da memória e cultura dos povos africanos.

A direção musical do espetáculo é do músico e compositor baiano Cássio Nobre, que da cores e ritmos às Histórias de Mãe Beata. Os ingressos serão vendidos na bilheteria do Teatro Xisto Bahia nos dias das apresentações por R$ 10 e 5.

O grupo
O Akpalôs – fazedores de histórias - é um grupo de narradores que nasceu da oficina “Teatro Griô: O Prazer de Contar Histórias” e atualmente é formado por Alcides Valente, Clara Soares, Layno Pedra, Zeza Barral, Lícia Margarida, Jô Stella, Josin Fernandes e Zidi Brandão, com coordenação de Rafael Morais.

Estes artistas narradores buscam levar a arte de contar histórias, com toda sua poesia e simplicidade, para os mais diversos ambientes e públicos: quintais, museus, teatros, escolas, praças, igrejas, terreiros, bibliotecas, são eternos palcos destes contadores. A sutileza das histórias de vida e contos populares representados por esta turma seduzem espectadores de todas as idades, abertos ao encantamento da vida.

A fonte de inspiração para o grupo está nos contadores de história de matriz africana, artistas populares e palhaços, que resumem a simplicidade da essência humana com muito humor e poesia. Coordenando este processo criativo está o Teatro Griô, grupo de pesquisa e prática do teatro criado por Rafael Morais e Tânia Soares, que desenvolve pesquisas e técnicas próprias para a contação de histórias, improvisação teatral e palhaço e formação em teatro para crianças e adultos.


Ficha Técnica:
Concepção Cênica e Direção: Rafael Morais;
Elenco: Alcides Valente, Clara Soares, Layno Pedra, Zeza Barral, Jô Stella e Zidi Brandão;
Assistente de Direção: Diogo Ferreira;
Cenário e Figurinos: Tânia Soares;
Direção Musical: Cássio Nobre;
Músicos: Cássio Nobre e Ricardo Hardmann;
Técnica de Canto: Marcelo Jardim;
Coreografia: Rosângela Santos;
Luz: Marcos Fernandes;
Operação de Luz: Nando Zâmbia;
Designer: Tai Oliver;
Assessoria de Imprensa: Lívia Nery;
Fotografia: Rafael Martins, Lívia Nery e Felipe Pomar;
VÍdeo: Felipe Pomar;
Produção: Geise Oliveira;
Realização: Teatro Griô e Akpalôs: Fazedores de histórias

Serviço
O QUE: Apresentação do espetáculo “Histórias de Mãe Beata”;
QUANDO: domingos 02, 09, 16, 23 e 30 de outubro, 06, 13 e 20 de novembro, às 11 horas;
ONDE: Espaço Xisto Bahia – Rua General Labatut – Barris (Biblioteca Central);
QUANTO: R$10,00 (inteira) R$5,00 (meia)

Para mais informações e fotos em alta resolução:



Contatos
Comunicação: Lívia Nery 71 8853-0704 livianery@gmail.com
Produção: Geise Oliveira 71 8886-6706 71 9292-8702 geise@teatrogrio.com.br
Teatro Griô 71 3018-4888 rafael@teatrogrio.com.br teatro@teatrogrio.com.br

sábado, 9 de abril de 2011

Maria Flor



Uma pequena história laranja e azul.

Diração, Edição, Direção de arte, Animação e Modelagem: Camila Carrossine
Empresa produtora: Buba Filmes
Produção executiva, Consultoria e Rigging: Alê Camargo
Trilha Sonora: Charles Tôrres
Ano: 2008
País: Brasil